Já não há mais novidade alguma em dizer que no Brasil, a maioria dos produtos importados é muito mais caro do que em qualquer outro país. Isso, por conta da carga tributária (quantidade de tributos - impostos, taxas e contribuições-, das três esferas de governo, que incidem sobre a economia do país) que, em menos de dez anos passou de 25% da renda nacional, no qual havia se mantido por mais de duas décadas, para 36%, de acordo com Gustavo Patu, em "A Escalada da Carga Tributária". Na verdade, a maior carga tributária do mundo.
Daí para frente, não fica difícil de imaginar como os brasileiros se sentem diante desta situação, já que mesmo fazendo parte de um país subdesenvolvido pagam até mais do que o dobro pelos produtos importados do que os norte-americanos, que fazem parte da maior potência do mundo. O que a tabela abaixo deixa mais do que evidente.
Diante disto, a pergunta que não quer calar: como não se sentir tão lesado com a quantidade de impostos cobrados e ao mesmo tempo não deixar de usufruir das “maravilhas internacionais”? Rian Barrreto (nome fictício) se fez a mesma pergunta quando começou a trabalhar em um freeshop do aeroporto Internacional de Guarulhos. “Eu via o quanto as pessoas procuravam [por produtos importados], mas nem sempre compravam, pois os valores que as lojas de shopping cobram são abusivos”, conta Barreto, que a partir daí viu a oportunidade de ganhar uma renda extra, comprando produtos importados em outros países e revendendo-os aqui, no Brasil.
“No começo eu não viajava, costumava comprar no freeshop quando amigos iam viajar”, diz Rian, que agora viaja quatro vezes por mês para repor seu estoque de perfumes, roupas e relógios importados. “No Brasil, normalmente é cobrado mais de 100% sobre o valor real do produto. Enquanto que comprando lá fora você acaba tirando os gastos e ainda sobra em torno de 30 a 50%, variando o tipo de produto e o país por onde compra”, explica Rian, que consegue faturar em torno de R$4 mil reais por mês.
Entre os produtos que vale mais a pena comprar no exterior, Rian destaca os relógios. “Os valores cobrados aqui no Brasil chegam a 300% a mais do valor de um relógio comprado fora do país, e por ser um produto que não faz tanto volume você consegue trazer tranquilamente”, ressalta.
Mas, nem tudo é um mar de rosas e tentar driblar os impostos abusivos pode trazer alguns problemas como ter de pagar impostos para trazer os produtos para o Brasil ou até mesmo perdê-los ao passar pela Alfândega. “Tudo vai da conversa com o fiscal”, relata Barreto.
No entanto, se sua intenção for a de apenas comprar importados para uso pessoal, as dicas dadas por Rian são: evitar pagar com cartão, pois com o pagamento à vista pode-se obter descontos de até 15%, além de evitar pagar as taxas do próprio cartão; pesquisar preços pela internet; e se informar com amigos que já foram para o destino escolhido, pois normalmente comerciantes gostam de enganar turistas desavisados e suas compras podem ficar mais caras.

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